Você está protagonizando a Economia da Paixão para pertencer a Era Digital?

By Fashion Revolution

1 year ago

O convite para esta pergunta no mês da Semana Fashion Revolution celebra a importância do questionamento “Quem Fez Minhas Roupas?” como um meio de conexão, a cura da era regida pela consciência

Por Paula Costa 

Recentemente, o futurista Rohit Bhargava falou sobre “a nova economia da produção de filmes na era do streaming” e a minha mente logo filtrou “nova economia” e “era digital”, isto é, existe nesta exploração a oportunidade de expandir para além do mercado audiovisual – esta leitura que visa conexões entre setores e temas é uma boa prática para a inovação!

Relatando uma matéria sobre o filme “Air”, de Ben Affleck, e já adaptando a minha visão da leitura, Bhargava basicamente coloca que, ao invés de concorrer com o streaming (digital), os cinemas (analógico) passaram a se posicionar como plataformas de mídia, “fomentando” os conteúdos que rapidamente chegam no streaming. Desta forma, a expectativa do faturamento de bilheteria dos cinemas não fica sobrecarregada e o sucesso de um filme não é atrelado a um único canal. 

É exatamente o que nos chama a parar de focar na “venda por metro quadrado” no varejo físico. Espaços que favorecem a conexão trazem engajamento para relacionamentos pautados em valores qualitativos – e são estes os valores que trazem os resultados de longo prazo. Acontece que, diante de cadeias produtivas movidas pela lógica da escassez, pensar no amanhã é uma condição invisível. A venda precisa chegar tão rápido, que é pressionada a acontecer antes da construção do relacionamento e o resultado é: estamos sempre investindo em relacionamento e nunca o construindo de forma sustentável e autêntica.

O valor da autenticidade ainda está pouco visível e o caos é generalizado quando somamos este fato ao mindset de inovação distorcido de cadeias de produção lineares. 

O grande gol criativo não necessariamente está em começar do zero, mas sim, em aprofundar no que já existe e esta é a maior demanda da inovação em um mundo onde não precisamos de mais coisas, mas de atribuir o devido significado ao muito que já temos. Em qualquer setor, modelos analógicos como a loja física não vão acabar, mas abraçando a ideia de ciclicidade, vão ser potencializados à medida em que se unirem aos modelos digitais – no caso do varejo, estamos falando do e-commerce, do social commerce e outras frentes em crescimento. 

E, afinal, não é isso o que a moda sempre provocou? A “moda retrô” não é uma propriedade recente das gerações Z e Millennial!

E, aliás, também podemos começar a olhar as gerações de forma mais atemporal, sem a obsessão por atender novos mercados sem entender que manter e evoluir junto aos já existentes, refletem diretamente na renovação de base. Por fundamento criativo, enraizado na cena da arte, da cultura e do comportamento, a moda está sempre resgatando o passado, o compondo com o presente e, assim, apontando futuros. E é por esta estrada que caminha a minha crença cada vez maior nos modelos circulares, como o da revenda, do reuso e do aluguel, que atendem a demanda de consciência de urgências ESG (Governança ambiental, social e corporativa) e exploram de forma criativa e inovadora a importância da estética e sede pela beleza que a moda alimenta. 

Estes movimentos de autenticidade e atemporalidade refletem, por exemplo, o crescimento de relógios de luxo. Há algumas semanas aconteceu o maior salão de relojoaria de luxo na Suíça, o Watches & Wonders, onde no ano passado estiveram presentes 38 marcas e neste ano, foram 48. Em 2022, o mercado global deste segmento observou um crescimento de 11,4%, sendo a categoria de luxo a de maior destaque e, segundo um estudo da Boston Consulting Group com a Watch Box, em 5 anos, os preços dos relógios de luxo seminovos valorizaram em média 20% ao ano.

Adotar a visão cíclica, depende de um princípio que fundamenta a Economia da Paixão, para que pessoas e organizações navegarem na dinâmica da Era Digital: CUIDAR

Este tema foi explorado em um relatório do Inquietesi, laboratório da Economia da Paixão, apontando a importância de cuidar das origens e do passado para sustentar o presente, que molda a qualidade do futuro. Aqui estamos falando deste passado, presente e futuros de roupas, de pessoas, de relacionamentos e, por que não, pensar no relacionamento que roupas estabelecem entre pessoas? A moda enquanto veículo de comunicação, se faz ponte e estabelece conexões afetivas, o que é a maior busca que vivemos na intenção de resgatar a humanização justamente como pontapé para potencializar a era digital regida pela consciência. 

O movimento do Fashion Revolution, que nos convida a perguntar “Quem Fez Minhas Roupas?” é um ótimo ponto de partida para provocar este mindset humanizado e consciente da Era Digital, quando entendemos que as melhores perguntas não nos levam a respostas, mas sim, a novas perguntas. 

Saber quem faz uma roupa, pode significar descobrir novas histórias, culturas e crenças. Estes conhecimentos enriquecem o repertório das nossas jornadas, fortalecendo o nosso protagonismo, enquanto parte singular que nutre e potencializa espaços de pertencimento, entendendo que somos todos um! 

Neste mês, que acontece a Semana Fashion Revolution, fica o convite: você está se questionando para protagonizar a Economia da Paixão e pertencer a Era Digital?   

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Paula Costa é Comunicóloga formada em Publicidade e Gestão de Varejo pela graduação e MBA da ESPM, com especializações complementares em inteligência de mercado, pesquisa, antropologia, futurismo e inovação e passagem por instituições globais como Hyper Island e Tel Aviv University. Baseada na Europa, transita por diferentes países e eventos de arte, design, tecnologia, inovação, negócios e varejo, realizando curadoria de comportamentos, movimentos e tendências, que se fazem insumos dos insights que compartilha em grupos globais de inovação, como LinkedIn Creator e apoiadora do Fashion Revolution Brasil, além de aulas de Pós Graduação e MBA de instituições como a ESPM, palestras, workshops, mentorias e consultorias de tendências, inteligência estratégica e inovação, baseada na visão da Economia da Paixão, tema do livro de sua co-autoria e  foco do projeto de sua co-criação, o Inquietesi: laboratório da Economia da Paixão para a transição à Era Digital, regida pela Consciência.

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