Experiência com artesãs do Alto Rio Negro

Vou compartilhar um pouco da minha experiência com artesãs do Alto Rio Negro no Amazonas. Me chamo Elijane Nogueira, sou graduada em Direito com especialização em Ciências Criminais, e venho me dedicando ao trabalho e pesquisa do artesanato amazonense como meio de desenvolvimento sócio-econômico e pensando na redução de impactos ambientais através do manejo sustentável de matéria-prima natural fruto de nossa biodiversidade. A viagem foi a trabalho, pesquisa e também turismo no período de 27/11 a 7/12/2021.

Faço hoje a gestão da marca Pachamama Encantada, onde desenvolvo em parceria com artesãos e coletivos o comércio de acessórios de moda e decoração feitos à mão com matéria-prima natural, como por exemplo a fibra de tucum. Em outubro de 2021, fomos selecionadas em programa de aceleração para negócios sustentáveis, AmazôniaUP, do Centro de Empreendedorismo da Amazônia ocorrido em Belém/PA como evento paralelo ao Fórum Mundial de Bioeconomia, onde se discutiu o futuro da Amazônia e bem viver para não só os que nela habitam mas em benefício também das presentes e futuras gerações de todo o planeta. Ainda em outubro fiz o curso Moda e Artesanato da instituição Fashion for Future onde foi sugerida a pesquisa dos desafios e proposição de soluções para o artesanato na moda. Grande parte de nossas peças são produzidas com a fibra que tem origem em comunidades indígenas da região do Alto Rio Negro. De acordo com o IBGE (2010), 76.60% da população de São Gabriel da Cachoeira e arredores se consideram indígenas, ocupando cerca de 80% do município, considerada a cidade mais indígena do Brasil. Região conhecida como cabeça do cachorro, faz divisa com a Colômbia e Venezuela e tem população indígena de 23 diferentes etnias. Motivos suficientes para irmos até a região.