Consumidores Vs Ativistas: 9 Ideias Para Fazeres a Diferença na Indústria da Moda
Muito se tem falado no papel do consumidor de moda na justiça social e climática. Esta culpabilização nasce de uma agenda neoliberal que convence o consumidor de que ele é livre de fazer a escolha certa (e só assim pressionar as marcas a adotarem medidas mais sustentáveis) e de que tem o poder de assegurar a sobrevivência do comércio local através da compra.
Para além de isto não ser verdade e de o greenwashing dificultar a percepção sobre a escolha certa, a preservação do comércio local e a proteção laboral e ambiental é responsabilidade dos governos, dos grandes players da indústria têxtil e de políticas internacionais.
Todos nós, enquanto consumidores, não temos assim tanto poder. Mas podemos ter – juntos – enquanto ativistas!
9 ideias de ativismo que têm mais impacto na indústria da moda do que o consumo verde:
1
Enquanto consumidor, podes:
- Comprar uma T-shirt made in Portugal porque não queres contribuir para a escravatura moderna e sabes que asseguramos um salário mínimo e proteção laboral
Enquanto ativista, podes:
- Informar-te sobre as encomendas que marcas como a H&M cancelaram no Bangladesh e outros países durante a pandemia (deixando os fornecedores na falência e os seus operários à fome), e usar a tua comunidade online para pressionar estas marcas a pagarem o que devem, com o tag da marca e #payyourworkers.
2
Enquanto consumidor, podes:
- Comprar um saco de algodão orgânico para usares nas tuas compras, porque és contra o desperdício de água e uso de pesticidas, e porque dizes não ao plástico.
Enquanto ativista, podes:
- Ler os programas dos partidos nas próximas eleições antes de votar, ou partilhar consultas públicas do participa.pt que envolvam questões ambientais que te preocupam. A moda está ligada à lei laboral, comércio internacional, agricultura, género, educação, combustíveis fósseis, gestão de resíduos, entre outras temáticas.
3
Enquanto consumidor, podes:
- Escolher marcas que façam produtos de poliéster reciclado porque dizem que retiram o plástico dos oceanos.
Enquanto ativista, podes:
- Ir a manifestações e unir a tua voz a coletivos como a Climáximo, Fridays For Future ou Extinction Rebellion, que organizam ações de protesto e reivindicam medidas urgentes pela restauração climática e justiça social, entre elas a transição energética justa, a antecipação da neutralidade carbónica e serviços básicos incondicionais.
4
Enquanto consumidor, podes:
- Comprar a tua roupa em segunda mão, porque já há roupa suficiente no mundo e não queres incentivar a produção.
Enquanto ativista, podes:
- Procurar mais informação sobre os contentores de “reciclagem” têxtil, ler sobre o mercado de resale e os aterros que assolam quase todas as economias da África Subsariana e abrir este diálogo na tua comunidade ou na tua próxima reunião de amigos.
5
Enquanto consumidor, podes:
- Comprar produtos de upcycling ou que dão uma percentagem a uma ONG, porque lutas contra o desperdício e injustiça social.
Enquanto ativista, podes:
- Usar as tuas redes sociais para informares influencers de Moda sobre o facto da Zara (entre outras marcas) comprar algodão de suppliers ligados aos campos de “reeducação” de Xinjiang, onde foram submetidos a trabalho escravo mais de 1M de Uigures, e aderir à campanha da Clean Clothes Campaign escrevendo #EndUyghurForcedLabour.
6
Enquanto consumidor, podes:
- Deixar de comprar roupa de poliéster e lavá-la menos vezes devido à presença de microplásticos no mar.
Enquanto ativista, podes:
- Tirar 5 minutos para assinar e partilhar a petição que visa travar o Tratado da Carta da Energia (TCE) em peticaopublica.pt que pode bloquear a ação climática dos governos, e confere às empresas de combustiveis fósseis o direito de processarem estados e serem indemnizados em biliões, sob protecção de tribunais internacionais. O poliéster vem do petróleo.
7
Enquanto consumidor, podes:
- Usar nozes de saponária para lavar a roupa para reduzires a tua pegada ecológica em casa.
Enquanto ativista, podes:
- Propor pequenas mudanças na tua empresa, como por exemplo abolir o plástico descartável ou sugerir versos em vez de brindes de oferta. Pergunta a quem toma as decisões – muitas vezes nunca se pensou nisso. O impacto multiplicar-se-á por 50 trabalhadores e potencialmente por 50 casas.
8
Enquanto consumidor, podes:
- Comprar nas feiras de artesanato e no comércio local para estimular a economia e preservar a nossa herança artística têxtil.
Enquanto ativista, podes:
- Organizar eventos de sensibilização com artesãos e consumidores, sessões de craftivism e mercados de troca na tua escola, no teu bairro ou unires-te a organizações que já estejam focadas na justiça social e climática da indústria têxtil, como o Fashion Revolution!
9
Enquanto consumidor, podes:
- Deixar de consumir fast-fashion porque não queres compactuar com esse sistema.
Enquanto ativista, podes:
- Reclamar sempre que sentires que os teus direitos não estão a ser protegidos. Para além disso, no caso de teres conhecimento de exploração laboral ou outro tipo de abusos na tua ou qualquer outra empresa, fazer uma denúncia anónima na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) ou à Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV).