Como ser um revolucionário na moda 366 dias do ano?
Essa não é uma pergunta fácil ou com uma resposta concreta e rígida. Buscar a revolução na moda é uma constante que exige a ação de diversos atores – e também uma boa dose de luta, coragem, perseverança e amor. Pensando nisso, juntamos algumas diretrizes que podem ser aliadas nessa busca.
Pesquise, se informe, leia, ouça e dissemine mais em 2020.
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Para construir um sistema de moda mais justo e transparente, é necessário que a gente pesquise sobre estes assuntos – inclusive as discussões que se intersectam com o debate como as questões de raça e ambientalismo -, se nutra de informações sem se perder no mar de notícias a que somos submetidos, ouça e esteja aberto a dialogar e trocar ideias e percepções usando a empatia como aliada, e dissemine e compartilhe o que vemos e aprendemos, para colocar os conhecimentos em circulação, ajudando a criar uma rede de transformação.
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Cobre e exija do setor público
O setor público e nossos representantes parlamentares compartilham da responsabilidade em garantir um sistema de moda mais justo e sem exploração. Pode ser por meio da fiscalização e prevenção de condições trabalhistas análogas a escravidão e violações ambientais, criação ou aplicação eficaz de legislações competentes, promoção de uma agenda de políticas públicas direcionada para as problemáticas da nossa indústria – como a geração excessiva de resíduos -, e até garantindo a participação popular dos cidadãos para entender as demandas da sociedade.
Você sabe como o vereador da sua cidade ou senador e deputado do seu estado tem trabalhado essas questões? Que tal mandar um email para seu gabinete cobrando esse posicionamento?
Questione as marcas e empresas além do #quemfezminhasroupas
Perguntar “quem fez minhas roupas?” é importante para tirar da invisibilidade aqueles que trabalham sem serem vistos e resgatar a percepção humana de que existem vidas por trás do que vestimos. Contudo, a pergunta deve vir aliada a outros questionamentos, como uma porta de entrada para aprofundar o debate e promover mudanças reais na moda.
Também pergunte para as marcas e empresas que puder, qual a média salarial dos costureiros, modelistas e agricultores, ou ainda qual a política ambiental que é adotada além das previstas na legislação brasileira.
Questionar não é um fim, mas uma ferramenta importante para exercitar nossa consciência e aguçar nosso plano de ação. Quais outras perguntas você acha necessárias?
Se organize, mobilize e pratique
Mudanças exigem coragem e perseverança mas também planejamento, estratégia e mobilização. Se organizar com movimentos que acredita, mobilizar grupos para se engajar em causas socioambientais, e praticar no cotidiano o conhecimento e aprendizado que acumulamos são passos importantes na trajetória de transformação do sistema de moda – o que não é tarefa simples, mas muito necessária.
Que tal se engajar mais com coletivos da sociedade civil que fazem sentido para você, participar de forma popular no setor público e fomentar um grupo de atuação ao seu entorno, seja o trabalho, família ou amigos?
Valorize os trabalhadores e trabalhadoras que produzem nossas roupas
Isso porque os itens não brotam nas prateleiras; essa percepção equivocada que temos várias vezes é também um mecanismo do sistema que invisibiliza e exclui quem compõe a base da indústria.
Pessoas – como você que lê essa publicação – são agricultoras, costureiras, designers, modelistas, modelos, vendedoras… e tantos outros ofícios que fazem parte da moda.
Valorize o trabalho destes trabalhadores, ofereça espaços de escuta, contribua para apagar a invisibilidade que muitos enfrentam e se engaje para exigir condições dignas, justas e humanas de trabalho.
Foto: Geo Cereça