Como ser um revolucionário na moda 366 dias do ano?

By Fashion Revolution

5 years ago

Essa não é uma pergunta fácil ou com uma resposta concreta e rígida. Buscar a revolução na moda é uma constante que exige a ação de diversos atores – e também uma boa dose de luta, coragem, perseverança e amor. Pensando nisso, juntamos algumas diretrizes que podem ser aliadas nessa busca.

Pesquise, se informe, leia, ouça e dissemine mais em 2020.

Para construir um sistema de moda mais justo e transparente, é necessário que a gente pesquise sobre estes assuntos – inclusive as discussões que se intersectam com o debate como as questões de raça e ambientalismo -, se nutra de informações sem se perder no mar de notícias a que somos submetidos, ouça e esteja aberto a dialogar e trocar ideias e percepções usando a empatia como aliada, e dissemine e compartilhe o que vemos e aprendemos, para colocar os conhecimentos em circulação, ajudando a criar uma rede de transformação.

Cobre e exija do setor público

O setor público e nossos representantes parlamentares compartilham da responsabilidade em garantir um sistema de moda mais justo e sem exploração. Pode ser por meio da fiscalização e prevenção de condições trabalhistas análogas a escravidão e violações ambientais, criação ou aplicação eficaz de legislações competentes, promoção de uma agenda de políticas públicas direcionada para as problemáticas da nossa indústria – como a geração excessiva de resíduos -, e até garantindo a participação popular dos cidadãos para entender as demandas da sociedade.

Você sabe como o vereador da sua cidade ou senador e deputado do seu estado tem trabalhado essas questões? Que tal mandar um email para seu gabinete cobrando esse posicionamento?

Questione as marcas e empresas além do #quemfezminhasroupas

Perguntar “quem fez minhas roupas?” é importante para tirar da invisibilidade aqueles que trabalham sem serem vistos e resgatar a percepção humana de que existem vidas por trás do que vestimos. Contudo, a pergunta deve vir aliada a outros questionamentos, como uma porta de entrada para aprofundar o debate e promover mudanças reais na moda.

Também pergunte para as marcas e empresas que puder, qual a média salarial dos costureiros, modelistas e agricultores, ou ainda qual a política ambiental que é adotada além das previstas na legislação brasileira.

Questionar não é um fim, mas uma ferramenta importante para exercitar nossa consciência e aguçar nosso plano de ação. Quais outras perguntas você acha necessárias?

Se organize, mobilize e pratique

Mudanças exigem coragem e perseverança mas também planejamento, estratégia e mobilização. Se organizar com movimentos que acredita, mobilizar grupos para se engajar em causas socioambientais, e praticar no cotidiano o conhecimento e aprendizado que acumulamos são passos importantes na trajetória de transformação do sistema de moda – o que não é tarefa simples, mas muito necessária.

Que tal se engajar mais com coletivos da sociedade civil que fazem sentido para você, participar de forma popular no setor público e fomentar um grupo de atuação ao seu entorno, seja o trabalho, família ou amigos?

Valorize os trabalhadores e trabalhadoras que produzem nossas roupas

Isso porque os itens não brotam nas prateleiras; essa percepção equivocada que temos várias vezes é também um mecanismo do sistema que invisibiliza e exclui quem compõe a base da indústria.

Pessoas – como você que lê essa publicação – são agricultoras, costureiras, designers, modelistas, modelos, vendedoras… e tantos outros ofícios que fazem parte da moda.

Valorize o trabalho destes trabalhadores, ofereça espaços de escuta, contribua para apagar a invisibilidade que muitos enfrentam e se engaje para exigir condições dignas, justas e humanas de trabalho.

Foto: Geo Cereça