Como organizar um encontro de troca

By Fashion Revolution

5 years ago

CONFIRA O PASSO A PASSO DESENVOLVIDO EM PARCERIA COM O ROUPA LIVRE PARA VOCÊ ORGANIZAR UM ENCONTRO DE TROCAS!

 1. ENCONTRE PARCEIROS

Esta etapa não é obrigatória, mas pode deixar tudo mais leve e divertido. Nossa sugestão é reunir mais gente para organizar o encontro com você. A gente acha que muita coisa pode ficar melhor juntando pessoas. Dividindo tarefas, cada um faz um pouquinho e fica bom pra todos. Se ninguém da sua rede próxima topar, poste a sua intenção de fazer o encontro no facebook, nos grupos de whatsapp ou conte para as pessoas e logo alguém se anima para fazer junto. 

2. DEFINA A DATA E O LOCAL 

Efetive sua ideia e crie o encontro! Vale ser em qualquer lugar! Nossas sugestões são: no seu quintal, salão do prédio, a escola ou faculdade que você estuda. Vale também ser num espaço público. Se não te deixar confortável abrir as portas da sua casa para pessoas desconhecidas, vale conversar com o dono daquele bar ou restaurante que fica numa localização de fácil acesso e tem um espaço bacana para receber o evento. Geralmente eles curtem a ideia de levar um evento e mais pessoas para acontecer em seus espaços. Instituições de ensino também são aptas a receber esse tipo de evento!

Vale a usar a criatividade e pensar em que locais estão ociosos e tem potencial para receber um encontro lindo desses. Esqueça da vergonha e bora trocar ideia com futuros parceiros para achar o espaço.  Depois disso, pense num nome diferentão para o encontro, assim o convite vai ficar ainda mais atrativo para as pessoas.

Outra ideia é fazer o encontro acontecer em um evento que você já vai organizar, como por exemplo as atividades da semana do Fashion Revolution.

Definir o local vai ser fundamental pra você conseguir organizar a estrutura.

3. ORGANIZE A ESTRUTURA

Pra realizar um encontro de trocas, uma estrutura básica é necessária. Isso varia muito da quantidade de pessoas participantes, mas o que normalmente precisamos são araras, cabides e mesas. Os dois primeiros itens são para organizar as peças adequadamente, todas penduradas, o que facilita muito o acesso e a visibilidade; assim todo mundo consegue ver tudo e sair contente. As mesas são, principalmente, para receber as peças que chegam e contabilizar as que estão saindo. Se o evento for maior, vale deixar uma mesa no centro, próxima as araras, o que ajuda vai ajudar o pessoal a ver melhor alguns itens e se organizarem com as próprias contagens. 

E como conseguir tudo isso? Nossa primeira dica segue a mesma: encontre parceiros. Dá pra entrar em contato com lojas que tenham cabides e araras sobrando, ou com pequenos defeitos. Também dá pra pedir um empréstimo dessa estrutura pra elas. Por exemplo, você pode tentar uma parceria e fazer um evento de trocas num brechó por ai, porque não? A ideia é fomentar espaços e atingir as pessoas.

Outra solução é entrar em contato com instituições de ensino, propondo esse evento. É normal esses espaços (principalmente os que têm os cursos de moda e design) terem esses materiais, podendo emprestá-los e entrar junto na história. 

Foto: Renata Miguez

Se você não conseguir parcerias e empréstimos de tudo isso, pode realizar um evento de pequeno porte e expor as peças nas mesas, com poucos cabides. Nossa outra dica é que você pode fazer os cabides e as araras, reutilizando materiais como papelão, canos de pvc e cabos de vassoura! Tudo você pode guardar para próximos eventos, ou usar na sua casa, trabalho, etc. É importante otimizar e aproveitar da melhor maneira tudo que a gente já tem!

A gente usa botões como moeda. Fica fofo e reutilizável.

Caso o espaço em que você vai fazer o encontro não comporte um encontro de trocas com araras e tudo mais, uma dica é usar o Roupa Livre App pra facilitar as trocas entre quem for participar do seu evento. 

 

4. DEFINA COMO VOCÊ QUER QUE ROLEM AS TROCAS

Existem diferentes formas de fazer as trocas rolarem. Quanto mais livre for o formato das trocas, menos a organização do evento terá o trabalho de intermediar. Porém, a curadoria das peças será menos garantida.

Não tem melhor nem pior, é uma questão de escolha. O importante, depois de definir a modalidade, é avisar os convidados! Escolha entre os seguintes formatos:

Desapego total – Os participantes chegam e deixam as peças expostas. A partir daí qualquer um pode pegar qualquer peça. 

Por equivalência – Define-se quanto “vale” cada tipo de item. Ex. Calça = 2 e Blusa = 1. Com base nesta tabela são distribuídas fichas, a moeda do evento, para quem chega de acordo com as peças que trouxe. Com o crédito que tiver os participantes escolhem as peças que querem levar pra casa. O trabalho principal do organizador é o de receber as peças na entrada do evento, entregar as fichas equivalentes e na saída receber as fichas em troca das peças retiradas. 

Se você optar pelas trocas com equivalência, é importante deixar no dia plaquinhas contendo essas informações, além de outras sinalizações que forem necessárias (entrada, saída, etc).

Tabela de trocas que costumamos usar. // Foto: Renata Miguez

Atenção: tanto para a troca com curadoria por equivalência a chance de sobrarem bastante peças é grande! Pense antes no que pretende fazer com elas para não levar só entulho de roupas que ninguém quis para casa.

Com curadoria – O organizador recebe as peças antes e escolhe previamente o que vai estar disponível no dia e o que será doado. No dia, a troca acontece no mesmo esquema das moedas, cada participante recebe um vale equivalente as peças que entregou anteriormente.

Trocas livres – Os participantes recebem as instruções de limite de peças máxima para levar no dia e o resto é com eles. Cada um define como vai fazer sua troca no dia e quais critérios usar. Neste esquema é bom ter banquinhas ou mesas para cada um expor suas peças e poder ver as dos outros. 

5. CONVIDE AS PESSOAS

É preciso divulgar e convidar as pessoas. O ideal é fazer isso com pelo menos 2 semanas de antecedência, avisando o que precisam trazer e como vai funcionar o esquema de trocas. Lembre-se: quanto mais gente, mais trocas. Então vale o esforço de divulgar bastante! Vale tudo: passar de sala em sala na escola ou faculdade, nos departamentos do seu trabalho e fazer um evento no Facebook. O importante é espalhar a notícia para mais pessoas.

6. SEPARE SUAS COISAS

Veja o que você tem que poderia ser trocado. São coisas boas que podem ter uma vida longa, mas que você já não usa mais. Abra gavetas e armários, revire estantes e o guarda-roupa. Seja prático: se você não usa há um ano, por exemplo, é provável que não vá usar de novo. Dê essa dica aos participantes convidados também.

7. O GRANDE DIA: FAÇA O ENCONTRO ACONTECER

Chegue algumas horas antes no espaço e monte o que for necessário para fazer o encontro acontecer. A organização necessária no dia vai depender do tipo de troca escolhida e do que o espaço que você definiu oferecer. Faça uma lista anteriormente para não esquecer de nada. Cuide para estar tudo certinho, para que você possa curtir o momento das trocas. Ouvir as histórias, conhecer as pessoas e, obviamente, ver as peças que estão pra rolo. Ao fim da feira, certifique-se de que todo o lixo foi recolhido e que as peças que sobraram sejam guardadas para serem encaminhadas da forma que você escolher.

8. SIGA TROCANDO

Algumas coisas talvez não sejam trocadas. Para elas, vale escolher a opções de troca online, pelo Roupa Livre App ou outras dicas de encaminhamento. O importante é não guardar no armário de novo e deixar as coisas esquecidas por mais um ano!

9. COMPARTILHE A EXPERIÊNCIA

Tire fotos do encontro, das coisas que trocou e compartilhe. Converse sobre essa experiência. Isso pode contagiar mais pessoas a começar a trocar também – um jeito de consumir mais acessível, mais social e que ainda faz bem para o planeta.

Ah, e não esqueça de nos contar também, para que a gente possa acompanhar o seu encontro. Vamos libertar nossas roupas? 

A gente não precisa de mais roupas novas. A gente precisa de um novo olhar.

Além de pensar uma outra moeda para fazer as roupas circularem, a troca, é preciso pensar também em práticas que favoreçam com que outras dinâmicas fluam. Estamos muito acostumadas com os impulsos do consumo e eles podem aparecer até nas trocas.

Participar de um  encontro de trocas é participar de uma outra experiência de consumo. Ao invés de dinheiro, você leva roupas que não usa mais para uma troca. E vai sair dela com peças que são usadas mas serão novas para você.

Esta é uma experiência diferente do que estamos acostumadas ou acostumados e por isso te convidamos a também enxergá-la assim. Além de experimentar levar roupas para casa de uma forma diferente, que tal convidar os participantes a estarem neste espaço também de uma forma diferente?

 

Talvez surjam os mesmos impulsos que o consumo tradicional geram ao entrar no ambiente das trocas. Talvez surjam vontade de levar tudo pra casa ou uma ansiedade do tipo “roupas grátis – preciso aproveitar” por não estar pagando com dinheiro para levar peças lindas pra casa. É preciso cuidar pra não alimentar os mesmos impulsos do consumo tradicional quando experimentamos outra propostas de consumo.

Alguns convites para serem feitos aos participantes:

(Você pode enviá-los para quem se inscrever, colocar em cartazes pelo evento ou postá-lo em suas redes sociais durante a divulgação do encontro)

 

Calma e presença – Queremos te convidar a estar com calma e presença num espaço de consumo. Olhando para as peças e tentando enxergar além, imaginar como ela foi feita, de onde veio. Experimentando e levando pra casa somente aquelas que realmente fizerem sentido para você.

Suficiência – Se você escolher menos peças do que você trouxe, está tudo bem! Se você trouxe peças que não usa mais, que bom que elas poderão ser usadas por outras pessoas. Se você está levando peças que gostou, que bom que não vai levar algo que não usará.

Não-competição – Também te convidamos a sair de um lugar de competição. Se mais de uma pessoa tiver interesse na mesma peça, que tal conversarem e experimentarem para decidir quem leva? Ou trocarem contatos para revezá-la depois?

Co-responsabilização – Cuide você também desse espaço de troca. Busque deixá-lo organizado para que outras pessoas também possam descobrir peças para levar pra casa. Aqui, você é parte atuante do processo e pode contribuir para a que ele seja ainda mais lindo. Nós, do Roupa Livre, estamos aqui para facilitar o acesso a estas experiências, organizando e cuidando com maior carinho do encontro. Mas você também pode se juntar e cuidar junto.

VAMOS PARA A PRÁTICA?

Além destes convites, deixamos aqui uma prática de atenção plena para os participantes experimentarem antes-durante o encontro.

As pessoas podem experimentar fazê-la, na fila, enquanto espera entrar, ou dentro do espaço sala. Pode também experimentar a cada experiência de compra que for fazer na vida.

Sugerimos que seja feita antes do início da pesquisa entre as roupas expostas para trazer a atenção para o momento presente.

Experimente e boas trocas 😉

Prática para despertar um novo olhar para as roupas usadas:

(confira esta prática em áudio, neste link)

Traga a sua atenção para a sua respiração.

Inspire e expire lentamente, relaxando cada parte do corpo.

Permaneça neste estado de observação da respiração por um tempo.

Observe como está o seu corpo neste momento. Que sensações você está sentindo?

Está sentindo ansiedade? Como está reagindo a todos os estímulos deste espaço?

Reflita por um momento qual foi a intenção que te trouxe até este encontro: Você veio em busca de renovar o seu olhar? O que te move na busca por roupas? Que sentimentos surgem em você nesta reflexão?

Talvez você já tenha sentido inadequação a respeito do que veste. Lembre-se de que você é suficiente, forte, bela ou belo. Com imperfeições e qualidades únicas que te fazem ser quem você é. O que você veste é apenas uma pequena parte da sua incrível existência.

A cada inspiração, tente acompanhar o caminho que o ar percorre pelo seu corpo. Perceba como ele entra pelas narinas, passa pela região da nuca, pelo peito até chegar ao pulmão.

Ao entrar em contato com as peças que estão aqui, experimente ativar os sentidos. Toque as peças buscando perceber como você as sente. Tente olhar de outras formas, por ângulos inusitados. Bem de perto ou bem de longe.

Enquanto observa a roupa, comece a refletir: onde ela estava antes de chegar até mim? De onde foi adquirida? Quanta história viveu? Do que será que ela é feita? Quem será que a fez?

Pense em cada ser envolvido no processo dessa roupa chegar até você, em cada recurso natural. Agradeça a essa cadeia inteira que trouxe este objeto até você.

Permaneça nesta observação enquanto passeia pelas roupas. Escolha para experimentar as que mais te fizerem brilhar o olho após esta investigação curiosa.

Ao experimentar as peças, volte novamente sua atenção para o momento presente, para as sensações do seu corpo. Como você sente o contato desta peça com o seu corpo? Que tal fechar os olhos? Se você não pudesse vê-la, ainda seria uma peça que você gostaria de ter tocando o seu corpo? Ela te traz conforto?

Se em algum momento do encontro você sentir o impulso do consumo tradicional, algum sintoma de ansiedade, angústia ou desconforto, retome à prática da respiração inicial. Ela é uma ótima forma de nos trazer para o presente.

Sempre é possível também desconectar-se deste ambiente, dar uma volta, colocar a atenção para fora do espaço. E ganhar um fôlego para retomar.

Aproveite os benefícios desta prática. Esperamos que ela te traga novos olhares para o que você veste.

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Usando o Roupa Livre App para incentivar a troca entre participantes do seu evento.

Uma novidade que a gente AMA na versão atualizada do Roupa Livre App é o uso de hashtags pra combinar trocas com um grupo de pessoas próximas (amigos, família, colegas de trabalho…) ou que vão participar de algum evento em comum.

Você, como organizador de um evento do Fashion Revolution, pode utilizá-lo para incentivar a troca entre os participantes da sua região durante os eventos que organizar (na semana de Abril ou ao longo do no) e também como uma forma de manter a sua rede próxima engajada numa outra forma de circular roupas.

Funciona assim:

Vocês combinam de trocarem peças entre si e criam uma # que todo tem que usar na hora de cadastrar as fotos. Ex: #fashrevbrasilia

Depois é só usar o filtro pra buscar as peças cadastradas com aquela # e as pessoas começarem a curtir as peças um dos outros até um curtir uma peça do outro e rolar um match 😉 

O importante é divulgar bastante a # criada e incentivar o uso das pessoas da sua rede próxima. 

O Roupa Livre App nasceu para ser um encontro de trocas sempre disponível no seu celular. Para ajudar as pessoas a libertarem suas roupas paradas no armário. 

O App foi desenvolvido e se mantém de forma colaborativa. Com a ajuda de mais de 400 apoiadores incríveis e mais um montão de gente querida que torceu, apoiou e espalhou essa ideia por ai, nós conseguimos tirar o Roupa Livre App do papel. Conheça mais sobre ele em: www.roupalivre.com.br/app

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Conteúdo escrito com carinho, por Mari Pelli (Roupa Livre) e Bárbara Poerner (Fashion Revolution Brasil).