Berço Esplêndido
*por Rafael SilvérioNo dia 22 de agosto foi festejado o Dia do Folclore. A origem remete ao arqueólogo William John Thoms, que nessa mesma data, em 1846, sugeriu que todo o conjunto de tradições ou “antiguidades” populares poderia ser definido pela palavra “folklore”. Unindo as palavras folk, que significa “povo”, e lore, que significa “conhecimento”.
O folclore brasileiro é tão diverso quanto os brasileiros. Cada região tem suas próprias lendas, figuras folclóricas, costumes e tradições. No entanto, é possível observar que o folclore brasileiro gira em torno das lendas e figuras folclóricas, hábitos ancestrais, festas e heranças culinárias, religiosidade, crenças e fé, contos, poemas e poesias espelhando a influência de povos indígenas e africanos.
Esse arcabouço deveria ser fonte da maior parte da produção cultural do nosso país e permear conceitos originais que norteiam a economia criativa, não apenas perpetuando a cultura, mas também criando métodos gestacionais pautados na nossa própria história. O que impede que o Brasil olhe para si mesmo é o apagamento de nossas histórias contadas por quem de fato fez chão para que pudéssemos deitar em “berço esplêndido.”
Enquanto ainda somos desconhecedores da nossa própria cultura, o extrativismo colonialista resiste. Continuamos sendo fontes inspiracionais (ou de apropriação) para várias vertentes artísticas com poderio midiático de influenciar globalmente – como é o caso de Yara Flor, personagem da DC Comics.
Apresentada na primeira edição da Future State: Wonder Woman, criada e desenhada por Joelle Jones, Yara é uma amazona, que, logo na primeira edição, já menciona Tupã e tem cenas com Boitatá e Caipora, a Guardiã das Florestas.
Até quando vamos permanecer sem proteger nossa cultura, do Brasil Profundo? Sem reconhecer todas as riquezas que podem ser fontes de autenticidade? Quem se beneficia com a síndrome de vira lata do brasileiro?
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Rafael Silvério
Formado pela Faculdade Santa Marcelina em Desenho de Moda (2013) e pós-graduado pela UNIP em Negócios Internacionais e Comércio Exterior (2016)