Coerência ao vestir-se e o exemplo de Gandhi

By Fashion Revolution

8 years ago

Mohandas Karamchand Gandhi nasceu no dia 2 de outubro de 1869 na Índia Ocidental e ainda jovem foi morar na Inglaterra para estudar Direito. Se tornou comandante de uma nação sem ser político e sem cargo oficial, ele conquistou o povo com sua sabedoria espiritual e com exemplos de humildade e paz.

Gandhi demonstrava claramente, através de suas vestes, e com o ato de fabricá-las, suas opiniões políticas e filosofias de vida. Ele escolheu a tanga tradicional como forma de rejeição à cultura ocidental que era pregada ditatorialmente e como identificação simbólica com os pobres da Índia. Sua escolha pessoal tornou-se um poderoso gesto político, conclamando seus seguidores mais privilegiados para copiar o seu exemplo de descartar, ou até mesmo, queimar suas roupas de estilo europeu, e retornar, com orgulho, à cultura antiga e pré-colonial indiana.

Gandhi afirmou que o ato de tecer da forma tradicional também tinha vantagens materiais, uma vez que criaria a base para a independência econômica e a possibilidade de sobrevivência para comunidades rurais e desfavorecidas da Índia.

Em 1917 Gandhi ajudou os trabalhadores das tecelagens de Ahmedabad diante exploração injusta dos proprietários, ele sugeriu uma greve, e como os funcionários temiam as consequências, ele fez um jejum para encorajá-los e explicou que a intenção não era coagir o oponente, mas fortalecer os oprimidos. O protesto pacífico resultou em salários mais altos.

Eu, particularmente, vejo em Gandhi um admirável exemplo de posicionamento e expressão através das roupas. Décadas se passaram desde a proclamação de sua famosa quota: “Não há beleza em nenhum tecido se ele causa fome e infelicidade”, e a situação não mudou: fabricantes estrangeiros exploram a mão de obra de países emergentes prejudicando a economia local e favorecendo o consumo inconsciente.

De acordo com o estilo de vida moderno, dificilmente seremos capazes de produzir 100 % de nossas vestes como fazia o líder, mas acredito na adaptação e inspiração. Estarmos atentos e interessados nas origens de nossas roupas, dando preferência a produções locais e até artesanais além de usá-las para expressar nossas ideologias e valorizar os processos culturais envolvidos em cada fio.